Existem diferenças entre ler e contar histórias, embora, à primeira vista, possa parecer que não, principalmente se as atenções estiverem voltadas só para o enredo abordado. Na “Contação de Histórias”, a trama sempre sofre pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela. Ele nunca conta uma história da mesma forma.
Beatriz Myrrha é musicista, atriz e especialista na arte de contar boas histórias. Ela foi a convidada do MMM para comandar uma “Contação de Histórias” dia 19 de maio, em evento que encerrou a 11ª Semana de Museus. Cerca de 70 pessoas alternaram interação e imaginação durante 60 minutos, sentadas ao lado da atração “Língua Afiada” do MMM. O espaço, utilizado pela primeira vez para uma “Contação de História”, também ganhou admiração do público presente e diminuiu a distância entre as crianças e o espaço cultural. Além da escultura em aço inox, símbolo do Museu das Minas e do Metal, a Língua Afiada é um convite para os visitantes saírem do MMM com o conhecimento na ponta da língua, como diz o dito popular, com a língua afiada, até mesmo para contar histórias.
Envolvendo personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, obra conhecida de Monteiro Lobato, Myrrha despertou nas crianças sentimentos diversos. Concentração, apreensão, medo, expectativa, mas, principalmente, empolgação com os desfechos. Sempre com uma forma única e eficaz de tomar a total atenção dos presentes.
Com o título “Obrigada pela parte que me conta”, ela também contemplou os museus, que têm a função de contar as histórias de tudo o que existe: “Diferente daquela casa que não tinha teto, não tinha nada, esta tinha: portas enormes, paredes tão grossas quanto uma araucária. Telhados e tudo o que uma casa deve ter. Ali vivia uma mulher, a Senhora da Casa”, introduziu Beatriz Myrrha. “O fato é que aquela Senhora nascera junto com a casa. E desde o dia em que nasceram ela e a casa, recebiam, diariamente, muitos visitantes. Alguns vinham para morar, outros para hospedar, outros, para passear ou visitar. Eram esses visitantes que tornavam aquela, uma casa engraçada”, completou a contadora de histórias ao fazer referências aos museus, grandes casas especiais e sempre prontas para receber o público.
E se um dos temas da 11ª Semana de Museus era justamente “Memória” por que não contar a história de um menino, Guilherme Augusto, que ajuda sua amiga a recuperar suas lembranças? “O menino era vizinho de um asilo e conhecia todos os que moravam lá. Mas, de todos os seus velhos amigos, a amiga de quem ele mais gostava era da Dona Maria Antônia Diniz Cordeiro, porque ela tinha quatro nomes como ele, que se chamava Guilherme Augusto Araújo Fernandes. Um dia, Guilherme Augusto ouve seus pais dizerem que Dona Antônia perdera a memória. Então, o menino perguntou ao pai e aos amigos do asilo o que é memória. Ouviu que memória é algo muito quente; algo que faz sorrir; algo que faz chorar; algo muito antigo; algo que vale ouro. Então, saiu à procura de ‘memórias’ para Dona Antônia, já que ela havia perdido as suas. Uma cesta repleta de memórias foi preparada para sua amiga: um ovinho quentinho; uma medalha; uma marionete; uma bola de futebol e conchas. Quando Dona Antônia recebeu a cesta, ela se recorda da sua vida e também do menino, de quando eles se conheceram e de seus segredos. E ela reencontra a memória perdida, graças a um menino, que nem era tão velho assim”, contou Beatriz.
A história da manhã de domingo, escrita por Mem Fox para contar a história de Guiherme Augusto Araújo Fernandes, emocionaram o público presente e se tornaram uma forma de aproximar as crianças, ainda mais, do espaço cultural proporcionado pelo MMM, reforçando o tema da 11ª Semana de Museus, que contempla, Memória+Criatividade = Mudança Social.
Fonte: Museu das Minas e do Metal