Em entrevista à Rádio O Tempo, de Belo Horizonte, no dia 2 de fevereiro, o presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), Álamo Chaves (CRB-6/2790), defendeu o acesso às bibliotecas e maior valorização do Bibliotecário como as ações mais efetivas para reverter a perda progressiva de leitores no país – menos cinco milhões de leitores apenas nos últimos quatros anos -, conforme pesquisa Retratos da Leitura, divulgada recentemente. Hoje, um dos grandes desafios é aumentar a população de leitores no Brasil, atualmente em torno de 48%.
Para Álamo, esse crescente desinteresse pelos livros pode ser explicado, em parte, pela ausência de políticas públicas que promovam o acesso de todos, especialmente das classes mais vulneráveis, à leitura. Isso, em sua opinião, fica claro quando constatada a falta de bibliotecas ou a existências de “bibliotecas precárias”, em várias regiões do Brasil.
“Nas escolas da Rede Estadual de Ensino, por exemplo, a situação é dramática. Ou não temos bibliotecas ou temos verdadeiros depósitos de livros, com tudo encaixotado, ratos e baratas”, criticou. Alinhado a isso, reforçou Álamo, esses locais normalmente são administrados por professores que não querem ficar mais nas salas de aulas por problemas de saúde ou por que estão perto de se aposentarem.
“Diante deste cenário, quem sai perdendo é a população mais vulnerável. O pai assalariado, que usa o que ganha para alimentação, não vai comprar livros. Ele espera que os filhos tenham essa oportunidade na escola, mas a escola também não oferece essa condição. Então, essas crianças crescem sem acesso a livros. O estímulo à leitura na infância é fundamental para formar adultos leitores, com senso crítico e capacidade analítica”, argumentou.
Para reverter esse quadro, Álamo defendeu investimentos do poder público em bibliotecas públicas, em escolas ou não, mantendo ou criando espaços apropriados, com mobiliário novo e renovação do acervo de dois em dois anos. O presidente do CRB-6 também destacou outra ação extremamente necessária: a valorização dos Bibliotecários, profissionais, conforme lei federal, adequados para estarem à frente das bibliotecas.
“Os Bibliotecários têm o conhecimento necessário, adquirido em cerca de quatro anos de faculdade, para fazerem a gestão dos livros. Eles é que vão indicar quais livros servem para cada perfil de estudante/leitores, quais títulos devem ser separados por faixa etárias e quais os recomendados por assunto”, explicou.
Álamo reforçou que a sociedade também precisa conhecer mais e saber a importância do Bibliotecário. “São eles que auxiliam professores, pedagogos e outros profissionais no processo de construção de uma educação melhor e uma cultura equânime para todos”, finalizou.
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