Com visitas e análises em dez estados, levantamento de informações se encerra; relatórios finais permitirão definir as próximas ações do projeto
O projeto “Acessibilidade em Bibliotecas Públicas” completou o trabalho de campo de sua fase de diagnóstico com as atividades realizadas em Campo Grande (MS) e Manaus (AM), em 29 de agosto. Ao longo de dois meses, as dez bibliotecas selecionadas para integrar o programa – em dez estados diferentes, sendo duas por região do Brasil – foram visitadas por consultores da Mais Diferenças (MD), que trabalharam em conjunto com assistentes de pesquisa locais.
O diagnóstico se deu a partir de dois tipos de pesquisa: uma quantitativa e a outra qualitativa. No primeiro caso, a MD buscou dados de cada estado onde havia uma biblioteca participante do projeto. Foram levantados números sobre economia, população com e sem deficiência, educação inclusiva e não-inclusiva, cultura (especialmente sobre equipamentos culturais) e políticas de livro e leitura. A pesquisa também abrangeu informações específicas das bibliotecas.
Já o levantamento qualitativo apurou dados obtidos através de três tipos de questionário aplicados nas bibliotecas do projeto: um destinado aos funcionários, outro aos usuários com deficiência e um terceiro ao responsável pelo setor responsável por compras.
O objetivo dos questionários voltados aos usuários era entender como se dá o acesso deles à informação na biblioteca, quais os recursos de acessibilidade que costumam fazer uso e o acervo disponível. Por meio deles a MD também buscou identificar necessidades para que haja avanços em acessibilidade, como melhores na sinalização e a compra de equipamentos e acervo acessível.
O questionário destinado aos funcionários, por sua vez, visava compreender o perfil do público atendido pela biblioteca, como é feito o atendimento às pessoas com deficiência, as boas práticas nestes serviços e se há algum tipo de dificuldade nessa tarefa. As perguntas também instigavam os profissionais a sugerir ações para aperfeiçoar o trabalho junto ao público com deficiência – desde mudanças de equipamentos, passando por acervo e treinamento de pessoal, entre outros aspectos.
O terceiro questionário, direcionado ao setor responsável pelas compras, buscava identificar o acervo existente nas bibliotecas e quais as aquisições rotineiras – não apenas de livros em braile, que formam o acervo acessível mais comum, mas também de brinquedos e jogos, imagens em alto-relevo, audiolivros, etc.
Para a pesquisa qualitativa, foram realizadas também observações do cotidiano das bibliotecas realizadas pelos consultores e assistentes de pesquisa, entrevistas em profundidade e grupos focais. Os consultores da MD ouviram também diferentes atores locais importantes, tais como os Secretários de Cultura, representantes de Conselhos Estaduais de Cultura, Diretores dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas, gestores e funcionários das bibliotecas, membros de organizações e associações de pessoas com deficiência das capitais e dos estados, etc.
Os grupos focais foram direcionados a usuários e funcionários com deficiência das bibliotecas. O objetivo neste caso era discutir coletivamente algumas questões. “Cada estratégia permite colher dados diferentes, com vantagens e desvantagens. Em uma você aprofunda mais, na outra você descobre confrontos de ideias e contradições”, explica Laerte Fernandes, coordenador das ações de pesquisa diagnóstica do Projeto.
Após o trabalho de campo, os consultores dedicam-se agora à preparação de relatórios de diagnóstico para cada biblioteca e um documento para o conjunto delas. Esses estudos permitirão que o SNBP e a Mais Diferenças definam as ações das próximas fases do “Acessibilidade em Bibliotecas Públicas”. Os próximos passos do projeto contemplarão os seguintes objetivos: comunicação e produção de conteúdo acessível; qualificação do acervo; acesso à Tecnologia Assistiva; capacitação das equipes; fomento ao trabalho em rede/seminários regionais; e monitoramento e avaliação.
Para Rosália Guedes, consultora do projeto, a troca de experiências e o trabalho em rede certamente contribuirão para a ampliação da acessibilidade nas bibliotecas. “Cada biblioteca foi ouvida na sua essência para construção de algo melhor: a inclusão de todas as pessoas. Neste trabalho, vivi o Brasil de muitas diversidades. Encontrei muitas pessoas que trabalham pensando no outro, que trabalham para o outro. Há espaços maravilhosos em que a biblioteca pública cumprirá seu papel, que é o da democratização de acesso a informações e à cultura a todos os brasileiros”.
Fonte: SNBP